segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Zumbis: Terror no Hospital


I – Eddie: Escuridão


Dia 18 de dezembro de 2009, estava frio, venci a preguiça e me levantei, era uma sexta feira, o último dia de trabalho antes de minhas férias. Tomei um banho demorado para dar tempo do banheiro se aquecer com o vapor, fiz minha barba em frente ao espelho embaçado, vesti as roupas que separei na noite anterior e fui tomar o café da manhã com biscoitos caseiros feitos por minha namorada, uma garota muito especial, com quem planejava me casar assim que juntasse algum dinheiro, o que, provavelmente não aconteceria tão rápido quanto ela gostaria. Juntei minhas coisas na mochila e parti para o trabalho, satisfeito por ter comprado a motocicleta, finalmente estava livre dos ônibus cheios e podia sair mais tarde de casa, isso me permitia o luxo de sentar, desfrutar o prazer de uma boa refeição e ler as notícias, coisas que, durante muitos anos não pude fazer.
      Chegando ao hospital, passei por Phill, o vigilante, ele era aquele tipo de pessoa com quem ninguém gostaria de ter problemas, diziam que era praticante de quatro modalidades de artes marciais, e, como se isto não se fosse o suficiente, o cara tinha quase dois metros de altura e braços que pareciam postes, era uma figura tão imponente, que a arma na cintura era um mero detalhe, estava sempre sério, com seu jornal na mão, onde, provavelmente, acompanhava as notícias do esporte.
      Subi para minha sala, onde muitos relatórios, memorandos, comunicados, requerimentos e outros tipos de documentos chatos, que se somavam em um volume inacreditável de papéis, aguardavam sobre a mesa pela minha atenção. Eu teria um dia cheio, mas não me sentia tão incomodado, afinal, restavam apenas oito horas para que eu pudesse gozar minhas tão aguardadas e merecidas férias.
As pessoas foram chegando para mais um dia de atividade, comentavam sobre os acontecimentos do dia anterior, preparavam o cafezinho e se socializavam um pouco antes de se concentrar no trabalho. Tudo corria normalmente quando começou a confusão, o som de vozes e sirenes, tomou conta do ambiente. Todos correram para as janelas, e viram policiais cercando o hospital, e, como já era de se esperar, em pouco tempo, surgiram rumores de que um fugitivo estivesse escondido em algum lugar do prédio.
Foi difícil dar atenção ao trabalho, os telefones tocavam sem parar, eram pessoas buscando informações sobre o que estava acontecendo, estávamos todos curiosos e apreensivos com aquela situação. Dei alguns telefonemas para saber se estávamos nos noticiários da televisão, liguei o rádio e pesquisei também na internet, mas a busca foi em vão, o que quer que fosse o motivo, não parecia ser tão grave, ou, já teríamos notícias, mesmo assim, a porta da nossa sala foi trancada e até que se soubesse de alguma coisa, concordamos que, por precaução, seria melhor mantê-la assim. Após a conversa intensa, o clima de curiosidade foi substituído aos poucos por um silêncio perturbador que invadiu a sala, nos deixando com uma terrível sensação de insegurança e medo.
Tentávamos retomar nossas atividades, quando, aos gritos de socorro, Jeff, o Office boy, bateu desesperadamente na porta, o susto despertou diferentes reações, Jameson, um tipo mesquinho e irresponsável, que se achava melhor que todos, correu e se e enfiou em um armário, as mulheres estavam chocadas com os berros do rapaz e só conseguiram se abaixar atrás de suas mesas e eu, sem pensar no que estava fazendo, corri em direção à porta de vidro. Ele estava ensanguentado e duas mulheres vinham em sua direção, consegui abrir e puxá-lo para dentro e foi neste momento que percebi que eram elas o motivo do pavor do garoto, elas tinham os olhos cheios de sangue, pareciam sobre o efeito de alguma droga, uma delas não tinha parte do lábio inferior, deixando dentes expostos, a pele tinha um aspecto asqueroso, com ferimentos e erupções purulentas. Talvez pelo espanto daquela visão, não consegui fechar a porta antes que uma delas enfiasse o braço por ali, eu e Jeff tentávamos nos livrar dela, a outra começou a empurrar também, e aos poucos fomos cedendo, nossos pés escorregavam no piso liso e encerado, sem avisar, dominado pelo medo, o garoto me deixou ali e correu para os fundos da sala.
Ao me afastar da porta, elas entraram, muito assustado, peguei um extintor de incêndio e atingi a primeira, mas ela me segurou pela camisa e tentou me morder, com muito esforço consegui desferir um segundo golpe e derrubá-la, mas, antes que me desvencilhasse por completo, a outra foi em direção a Luiza, uma garota que tinha iniciado esta semana, era seu primeiro emprego, sua única reação foi erguer as mãos para se proteger, mas a criatura conseguiu derrubá-la facilmente, tentei partir em seu auxílio, mas fui agarrado pelos pés e antes que pudesse reagir, fui mordido na panturrilha, é difícil expressar o que senti, o local queimava como se estivesse em brasas, desesperadamente tentei me movimentar, mas, a mulher quase arrancou um pedaço do músculo, a dor era lacerante, minou todas as minhas forças, o extintor caiu de minhas mãos, já não conseguia enxergar nada, não pensava, tudo era dor, a sensação de queimação percorria todo meu corpo como se meu sangue estivesse em ebulição, senti as pernas enfraquecendo quando ouvi um som forte, um tiro, me lembro de que neste instante tive a esperança de termos sido salvos pela polícia, mas não vi o que de fato aconteceu, minhas pernas fraquejaram e tudo ficou escuro.
Não sei por quanto tempo fiquei desacordado, abri os olhos, ainda sem entender, pensei estar acordando de um sonho estranho, ainda em casa, mas, estava mesmo no hospital, me levantei, vi Jeff, minhas companheiras e as mulheres estranhas no chão, estavam todos mortos, só restamos eu e Phill de pé, ele estava de arma em punho, a apontava em minha direção, olhei para trás procurando uma ameaça, mas, não havia outra pessoa, eu era o alvo, fitei-o nos olhos, queria dizer algo, mas as palavras me faltaram, ele baixou levemente a cabeça, por um instante me senti aliviado, acreditando que ele não atiraria, mas depois, para minha surpresa, ouvi o som seco do disparo e novamente, veio a escuridão.

II – Phill: Mate-os!


Faltavam 40 minutos para o fim do meu turno quando recebemos instruções de fechar os acessos, ninguém poderia sair ou entrar no prédio até a chegada da polícia, eu permaneci em meu posto na entrada principal, a falta de informações me deixava paranoico, me certifiquei de ter minha arma ao alcance e fiquei em total alerta, observava todas as pessoas na tentativa de identificar uma possível ameaça. Não demorou muito até que a polícia chegasse, estavam em um número muito superior do que o necessário para dar uma busca no hospital, já que todos os acessos já estavam bloqueados, fui em direção á porta para recebê-los, mas, para minha surpresa, passaram correntes nas maçanetas e posicionaram as viaturas cercando a entrada, tentei contato via rádio com o chefe da segurança, mas não houve resposta, como não tinha mais o que fazer ali, afinal, a porta não seria mais aberta por algum tempo, e as ordens tinham sido para manter a posição até a chegada dos policiais, resolvi buscar munição, pois, após este isolamento inesperado, meu instinto dizia que as coisas poderiam ficar ruins.

Eu estava escalado esta semana no prédio administrativo, era onde ficava nossa central de segurança, no caminho, subindo pelas escadas, me deparei com um sujeito, que pude reconhecer como paciente devido às roupas de interno que ele vestia, estava de costas para mim e não deveria estar ali

2 comentários:

  1. Lambda lambda lambda! Tá aqui o seu primeiro comentário via Skynerd :P
    Curti o seu estilo de narrativa, gosto dessas de ficar pulando de um personagem pra outro, achei uma sacada bem legal narrar um personagem que foi infectado. Agora tô com bastante coisa pra ler e escrevendo o meu próprio livro, mas vou ver se compro o seu depois!

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    1. Obrigadoooooo!! Me manda notícias do seu pela Skynerd, blz?

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